
Por: Julyana Araújo
O Transtorno do Espectro Autista (TEA), mais conhecido popularmente como autismo, atinge cerca de dois milhões de brasileiros, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Hoje, 2 de abril, é celebrado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. A data, escolhida pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2007, tem como objetivo levar informação à população em relação à condição neurológica, a fim de reduzir a discriminação e o preconceito contra os indivíduos que apresentam o transtorno.
O que é o Autismo
Mesmo diante desta estatística, o assunto ainda é pouco debatido. Assim sendo, muitas dúvidas surgem em torno da temática. Em entrevista concedida, a neuropsicóloga, Cristina Nunes, explica o que é o autismo: “O TEA é caracterizado pela dificuldade de interação social, alguns comportamentos repetitivos e estereotipados, dificuldade na comunicação social, hipersensibilidade a sons, entre outros. Todos esses sintomas dependem do grau que o sujeito apresenta, ou seja, leve, moderado ou grave”, esclarece a especialista.
Ela ressalta que, dependendo do grau, os pais percebem já enquanto bebê: “Na maioria das vezes, ao entrar na fase escolar, fica mais evidente as dificuldades da criança”, acrescenta a Dra. Cristina. De acordo com Nunes, as causas do autismo ainda são desconhecidas: “Não existem causas comprovadas cientificamente, mas as pesquisas apontam para uma condição genética. Na psicanálise acreditava-se que a postura da mãe mediante o filho, poderia fazer com que este desenvolvesse o transtorno”, detalhou a neuropsicóloga.
O diagnóstico
A especialista em TEA destaca a importância do diagnóstico precoce mediante a um acompanhamento multidisciplinar: “O diagnóstico precoce auxilia no tratamento dado para a criança. Os profissionais envolvidos terão a possibilidade de desenvolver um trabalho mais adequado, oferecendo para essa criança uma qualidade de vida melhor. Geralmente, elas são acompanhadas por terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos, fisioterapeutas, psiquiatras, pediatras e neuropediatras. A partir dos déficits apresentados é que se podem traçar estratégias de tratamento”, frisa a profissional.
Os impactos do confinamento
Há pouco mais de um ano, o país vive um contexto atípico que pode ser ainda mais difícil para os que possuem a condição neurológica. Os autistas, em sua grande maioria, são muito apegados à rotinas. Devido à pandemia provocada pela Covid-19, o dia a dia de muitas famílias tiveram que se readequar.
A neuropsicóloga orienta, em entrevista, como amenizar os impactos causados pelo confinamento: “Essa pandemia tem sido um desafio muito grande para os pais. As crianças com TEA têm uma resistência a mudança, e o ideal é que se tente manter uma rotina diária. Os pais que sempre acompanham os filhos nas terapias alternativas, provavelmente terão mais habilidades de elaborar atividades em casa. A criatividade e a dedicação vai fazer toda a diferença nesta hora”, afirmou a especialista em TEA.