Rega de precisão de sobreiros pretende uma produção intensiva de cortiça

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Rega de precisão de sobreiros pretende uma produção intensiva de cortiça

Foto: Diário do Sul

Por Maria Antónia Zacarias

Diário do Sul (Portugal)Estudar a possibilidade de antecipar a primeira tirada de cortiça que acontece, nos povoamentos de sequeiro, entre os 18 e os 24 anos de vida da árvore, é o objetivo do grupo operacional REGACORK. Liderado pela equipa de investigação Pró-FlorMed da Universidade de Évora e do Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento (MED), o projeto visa a investigação em rega de precisão de sobreiros, assumindo-se como importante para a fileira da cortiça.

De acordo com o projeto GO-REGACORK, ao longo das últimas décadas tem-se verificado perda de vitalidade dos sobreiros (Quercus suber), devido a más práticas de gestão, maior ocorrência de agentes bióticos nocivos e alterações climáticas, entre outros. Consequentemente, a produção mundial de cortiça tem vindo a diminuir, tanto em quantidade como em qualidade.

Perante este cenário, a Universidade de Évora pensou testar fertirrega de sobreiros, possibilitando a extração precoce de cortiça. “A fertirrega poderá melhorar a capacidade de resposta do mercado corticeiro às necessidades da matéria-prima a médio prazo, favorecendo toda a fileira da cortiça, desde os produtores, transformadores e compradores, incluindo o meio rural e os trabalhadores, cuja economia está ligada ao setor”, pode ler-se na página do projeto.

Os ensaios piloto de fertirrega de sobreiros iniciaram-se em 2014 no âmbito do projeto PRODER, denominado REGASUBER que pretendia verificar como a rega mínima permitiria valorizar o desenvolvimento e vitalidade dos sobreiros. Agora, o projeto GO-REGACORK pretende dar continuidade aos ensaios piloto e fomentar a transferência de conhecimento para áreas de produção com fins comerciais.

A equipa de investigação da Universidade de Évora afirma que existem vários ensaios piloto a serem monitorizados que revelam que “já se consegue concluir a boa correlação observada entre os tratamentos de rega e o crescimento do diâmetro do fuste dos sobreiros”.

Saliente-se que a preservação do sobreiro e do ecossistema de montado é “imprescindível” para que possamos continuar a usufruir não só da cortiça produzida, mas também de um património valioso para as populações da Bacia Mediterrânica.

Foto: Diário do Sul

Nuno de Almeida Ribeiro, docente na Universidade de Évora e coordenador do projeto, explica como está a ser feita a investigação. “É feito através do estudo do efeito da fertirrega na formação, produção e qualidade da cortiça em plantações intensivas de sobreiros, em áreas marginais, numa ótica de rega eficiente, dando à árvore apenas a quantidade de água necessária para o seu rápido desenvolvimento e formação de cortiça”, frisa.

O responsável anuncia que a transferência deste conhecimento técnico e científico será alargado à instalação de novos povoamentos de sobreiros contribuindo para o combate à futura escassez da matéria-prima a médio prazo, fortalecendo em simultâneo os benefícios destes ecossistemas florestais que mantêm comunidades no interior do país.

Francisco Carvalho da Amorim Florestal SA e um dos parceiros líder do projeto sublinha que é necessário sensibilizar os produtores para avançarem com o regadio “para que, no futuro, haja mais sobreirais a produzirem mais qualidade e quantidade de cortiça”.

Joana Amorim, da Fruticor, gestora da herdade do Corunheiro onde está instalada uma área de seis hectares de sobreiros regados em profundidade, evidencia a importância de ser encontrada a fórmula ótima que “combine a melhor rentabilidade do sobreiro versus economia de água para o tipo de solo”.

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