O MIMO está de volta à Olinda, onde nasceu, celebrando a música em sua 16ª edição na cidade. Após sete anos de ausência, o festival acontece de 12 a 14 de setembro, com uma programação multicultural e gratuita, reunindo grandes nomes da música instrumental, além de artistas consagrados e novos talentos. Depois de passar pelo Rio de Janeiro, Amarante (Portugal) e pela França, no prestigiado Jazz in Marciac, o evento ocupa novamente ruas, igrejas e praças de sua cidade-mãe.
Idealizado por Lu Araújo, que também assina a direção artística, o MIMO Festival em Olinda terá mais de 40 atrações, incluindo shows, concertos, DJs sets, exibição de filmes, fórum de ideias e aulas no programa educativo. Uma das novidades será a apresentação de artistas da cena musical francesa, presentes na curadoria feita pelo conceituado Jazz in Marciac, um dos maiores festivais de jazz do mundo, para o MIMO Olinda. A parceria com o evento francês faz parte de uma colaboração artística inédita: assim como brasileiros renomados estiveram na França, músicos franceses estarão na programação do MIMO Olinda, estreitando ainda mais os laços culturais entre os dois países. O encontro está sendo promovido no âmbito da Temporada França-Brasil 2025, com realização da República Francesa, Institut Français, Instituto Guimarães Rosa, Ministério da Cultura, Ministério das Relações Exteriores e Governo Brasileiro.
“Com mais de dois milhões de espectadores no Brasil e em Portugal, o MIMO retorna a Olinda com o mesmo entusiasmo de sempre. Foi aqui que o festival ganhou corpo, se consolidou e criou asas. Realizar um evento gratuito dessa dimensão é um ato de resistência e compromisso com a cultura. Acreditamos na arte como ferramenta de transformação social — e é isso que nos move a seguir em frente”, afirma Lu Araújo.
A programação transcultural inclui concertos e DJ sets com artistas de seis nacionalidades, como Brasil, França, Ilha da Reunião (território francês na costa da África), Portugal, Espanha e Cuba, com apresentações não só nos palcos, mas também nas ruas, parques, igrejas, e recantos da cidade, em um verdadeiro mergulho sensorial e comunitário.
Entre os destaques nacionais, o MIMO Olinda recebe o consagrado Edu Lobo, um dos maiores nomes da música brasileira, que faz um concerto na Igreja da Sé, celebrando suas raízes pernambucanas em momento de rara emoção. Já Amaro Freitas, vencedor do Prêmio MIMO Instrumental em 2015 e hoje celebrado nos mais importantes palcos internacionais, será responsável pelo último concerto do festival. Na Praça do Carmo, o pianista pernambucano se apresenta ao lado de seu septeto.
Ícone da música pernambucana, o Cordel do Fogo Encantado retorna aos palcos após um hiato, com sua formação original, em um reencontro aguardado pelo público. Ainda entre os brasileiros em destaque, estão Juliana Linhares, nome em ascensão da MPB, e Hamilton de Holanda, consagrado mestre do bandolim, que reforçam a diversidade da programação.
Entre as atrações internacionais está um dos nomes mais importantes do jazz latino na atualidade. Roberto Fonseca, multi-instrumentista, compositor e pianista virtuoso de projeção internacional e ex-integrante do Buena Vista Social Club, apresenta no MIMO Festival o espetáculo “La Gran Diversión”, que celebra os salões de baile de Havana dos anos 1950 e reafirma sua posição como um dos grandes embaixadores da música de seu país.
Outra presença ilustre é o projeto Ibéria, que reúne três grandes músicos, Manuel de Oliveira, Jorge Pardo e Carles Benavent, em um espetáculo inspirado no legado de Paco de Lucía, o maior nome do flamenco. Companheiro de palco de Paco por décadas, Benavent imprime à apresentação a força da convivência direta com o mestre, somada à criatividade e excelência dos músicos do trio.
Votia, voz poderosa da Ilha da Reunião, apresenta o álbum “Vie Kaz”, que marca os 20 anos do falecimento de seu pai, o lendário Gramoun Lélé, uma das grandes referências do maloya — gênero musical nascido entre descendentes de africanos escravizados, considerado símbolo de resistência cultural e reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Imaterial da Humanidade. Com presença marcante e vocais que evocam ancestralidade, Votia conduz o público a um encontro intenso com a força e a vitalidade de sua tradição musical, acompanhada por coros polifônicos e percussões tradicionais.
Nascido do encontro entre tradição e resistência, o trio Delgrès — liderado pelo guitarrista e cantor Pascal Danaë, filho de pais de Guadalupe — aposta na ideia de que a diáspora afro-caribenha ajudou a moldar o blues. Seu som mistura força e atualidade, em um blues crioulo temperado pelo rock. A banda apresenta no Palco da Praça do Carmo.
Ainda da França, chegam artistas da nova geração, todos premiados e com trajetórias distintas que formam um verdadeiro mosaico da música francesa contemporânea, selecionados em parceria com o Jazz in Marciac. A baterista Anne Paceo, três vezes vencedora do Victoires de la Musique, é referência mundial por sua musicalidade inventiva e sua abordagem transcultural. O saxofonista Samy Thiébault se destaca por criar pontes entre o jazz, o clássico e as músicas do mundo. Já Baptiste Herbin, virtuose do saxofone, se une ao trompetista Nicolas Gardel em um quarteto que traduz a energia e a sofisticação do novo jazz francês.
Os concertos, assim como o DJ Set com Pedro D-Lita Selecta, Makeda x Nadejda, Tor4 & 440 e Boneka, acontecem em locais históricos e turísticos como o Praça de São Pedro, Seminário de Olinda, Igreja da Sé e Praça do Carmo (palco principal).
Ao longo destes três dias de festival gratuito, o Conservatório Pernambucano de Música e o Convento de São Francisco serão palco do Programa Educativo e do Fórum de Ideias do MIMO, que oferecem workshops e rodas de conversas para discussões e reflexões sobre processos criativos e inovadores de artistas que se apresentam no festival como Juliana Linhares, Samy Thiébault, Pascal Danaê, Baptiste Herban & Nicolas Gardel, Carles Benavent e Roberto Fonseca, entre outros.
Além dos shows, o MIMO Olinda promove também uma Mostra de Cinema, que será realizada na Igreja da Sé e no Teatro Fernando Santa Cruz. Entre as produções selecionadas para exibição estão O Som da Pele, curta do pernambucano Marcos Santos; No Rastro do Pé do Bode, documentário de Marcelo Rabelo sobre o sanfoneiro baiano Rato Branco; O Homem do Terno Verde, do cineasta e músico pernambucano Petrônio Lorena; Frevo Michiles, filme de Helder Lopes que narra a trajetória de um dos maiores compositores vivo de frevo no país: Jota Michiles. Na Terra de Marlboro, de Cavi Borges; Mborairapé, de Roney Freitas; Black Rio! Black Power!, de Emílio Domingo; Sem Vergonha, de Rafael Saar; Razões Africanas, de Jefferson Mello; e Macaléia, de Rejane Zilles, também fazem parte da seleção de longas e curtas que exploram a rica história musical.
Apresentado pela Petrobras, com patrocínio da Stone e apoio da Prefeitura de Olinda, do Complexo Industrial Portuário de Suape (PE) e da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SUAPE) do Governo de Pernambuco, o MIMO Olinda é realizado pela Lu Araújo Produções Artísticas. O projeto foi fomentado pelo Programa Funarte de Apoio a Ações Continuadas 2023.
Após a realização na cidade pernambucana, o MIMO Festival segue para São Paulo, onde acontece entre os dias 19 a 21 de setembro, encerrando a temporada de 2025.
Sobre o MIMO Festival:
Com 21 anos de história, o MIMO já realizou 61 edições em mais de 14 cidades do Brasil e da Europa, com um público de mais de 2 milhões de espectadores e com apresentações de 4 mil músicos, como Chick Corea, Herbie Hancock, Buena Vista Social Club, Philip Glass, Pat Metheny, Hermeto Pascoal, Elza Soares, Gilberto Gil, entre outros. Além disso, o festival já promoveu 1.750 atividades, incluindo 600 shows e concertos, a exibição de 400 filmes brasileiros inéditos e mais de 200 atividades como palestras, literaturas, exposições, premiações além, é claro, da belíssima e tradicional “chuva de poesia”. Além dos palcos, o festival exibe produções cinematográficas com temática musical e promove workshops e palestras, conectando artistas e público. Seu Programa Educativo já beneficiou mais de 30 mil alunos com 500 aulas, e o Prêmio MIMO Instrumental revelou talentos como Amaro Freitas e João Camarero.