
Por: Julyana Araújo
A automedicação, principalmente neste momento de pandemia do novo coronavírus, tem causado preocupação em autoridades sanitárias em todo o mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 50% de todos os medicamentos são prescritos, dispensados ou vendidos de forma inadequada. Além disso, metade de todos os pacientes não faz uso dos medicamentos corretamente. Para se ter uma ideia da dimensão e da gravidade do problema, cerca de 20 mil pessoas morrem, ao ano, vítimas da automedicação no Brasil, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (Abifarma).
Uma pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF), por meio do Instituto Datafolha, constatou que a automedicação é um hábito comum a 77% dos brasileiros. Em entrevista concedida, o farmacêutico clínico, Rafael Araújo, ressalta uma das causas para tal prática: “O motivo é a forma “relativamente” simples de aquisição e o fato de termos o acesso ao profissional médico (ou o profissional prescritor) mais difícil”, destacou o especialista.
Embora haja medicamentos sem requisição médica, o Dr. Araújo alerta para os cuidados: “Existem inúmeros MIPs (medicações isentas de prescrição) e quase todos podem ser ingeridas e indicadas por qualquer pessoal que não seja da área da saúde. Nesse ponto, precisa ter as orientações corretas sobre o uso racional de medicamento, além do mais, toda farmácia tem que ter o profissional farmacêutico e este é o profissional com capacidade técnico-científico de fazer a prescrição farmacêutica de MIPs com total segurança para o paciente”, frisou.
Além das inúmeras consequências deste hábito, por vezes irreversíveis, a automedicação pode mascarar sintomas e prejudicar tratamentos, afirma o especialista: “É o maior perigo para a saúde de nossa população. Dados recentes apontam que mais de 50% das hospitalizações por intoxicação no país é originária por interações medicamentosas”, exemplificou.
Em tempos de pandemia provocada pela covid-19, o número de pessoas que tomam remédio por conta própria aumentou. Neste contexto atípico, muitas dúvidas surgem em torno da prevenção. O farmacêutico afirma que não existe nenhum embasamento científico para que um antibiótico seja eficaz contra um vírus: “Para vírus se usa medicamentos retrovirais e não antibióticos. Até o momento, apenas dois retrovirais se mostraram potencial contra o coronavírus, que são obamlanivimab e o estesevimab. Chegou-se a utilizar o Tamiflu (oseltamivir), mas não chegamos a ter dados positivos”, esclareceu.
Além disso, o Dr. afirma que a automedicação pode agravar a situação de pacientes infectados pela covid-19: “Primeiro, podemos verificar a possibilidade de lesões hepáticas; segundo, devido ao uso de antibióticos, teremos pela frente o maior aumento de resistência bacteriana dos últimos 10-15 anos (ao passar pela pandemia) além de, muitas vezes, a automedicação não responsável baixar a imunidade do paciente, deixando-o “disponível” para outras doenças”, alertou o profissional.
É válido ressaltar que os efeitos podem atingir toda população. O farmacêutico clínico destaca, em entrevista, as consequências da automedicação não responsável: “Pode nos trazer riscos muito graves. Aumento de resistência bacteriana, baixa de imunidade, lesão hepática, lesão renal, risco de taquicardia e alteração no Qtc, neurotoxicidade, dependência química e física.”
(250809) -- DONGYING, Aug. 9, 2025 (Xinhua) -- A drone photo taken on Aug. 8, 2025 shows a demonstration project for integrated photovoltaic and energy storage in Dongying City, east China's Shandong Province. Dongying City has been actively developing clean energy in recent years. To make the best of idle land at Shengli Oilfield, a demonstration project for integrated photovoltaic and energy storage with a total installed capacity of 300 megawatts was accomplished in May 2025, seen to annually turn out 480 million kilowatt-hours of electricity. (Xinhua/Guo Xulei)