Entrevista: Reunião sobre mulheres em Beijing é “uma oportunidade estratégica para moldar o futuro”, diz Dilma Rousseff

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Entrevista: Reunião sobre mulheres em Beijing é “uma oportunidade estratégica para moldar o futuro”, diz Dilma Rousseff

Foto: Claudia Martini/Xinhua

Shanghai – A Reunião de Líderes Globais sobre Mulheres em Beijing “não é apenas uma comemoração do passado, mas também uma oportunidade estratégica para moldar o futuro”, disse Dilma Rousseff, presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), durante uma entrevista à Xinhua.

“Trinta anos após a histórica Quarta Conferência Mundial sobre a Mulher, retornamos a Beijing com um renovado senso de propósito”, disse Rousseff. “Minha expectativa é que esta cúpula não seja um evento cerimonial, mas um momento catalítico que reafirme compromissos passados e estabeleça prioridades novas e concretas para a próxima geração”, acrescentou ela.

Rousseff pediu a mudança “dos princípios para o poder – das promessas para as políticas”.

“É hora de abordar as barreiras que ainda limitam a vida das mulheres e criar sistemas que reconheçam as mulheres não como beneficiárias, mas como agentes de transformação”, observou ela.

“Em um mundo que enfrenta múltiplas crises, as mulheres não são um problema a ser resolvido – são uma solução a ser abraçada”, enfatizou Rousseff. “A Reunião de Líderes Globais sobre Mulheres deve refletir essa verdade – não apenas em suas declarações, mas nas ações que inspira. A história está chamando mais uma vez, e devemos responder com coragem, clareza e vontade coletiva.”

Rousseff descreveu a Quarta Conferência Mundial sobre a Mulher, realizada em Beijing em 1995, como “um momento marcante em nossa luta coletiva pela igualdade de gênero”, que resultou na Declaração de Beijing e na Plataforma para Ação – “um compromisso global sem precedentes com os direitos das mulheres”.

“O evento mudou o debate global e forneceu uma estrutura abrangente para a ação em 12 áreas críticas, incluindo pobreza, educação, saúde, violência, participação política e meio ambiente. Trinta anos depois, seu legado continua não apenas relevante, mas essencial. A plataforma não é apenas um documento histórico, é um roteiro vivo”, afirmou Rousseff.

Apesar dos desafios persistentes, Rousseff destacou que as mulheres não estão esperando pelas mudanças, mas as estão liderando. “O empoderamento das mulheres é fundamental para construir um futuro justo, sustentável e pacífico. O espírito de Beijing nos chama não a comemorar, mas a agir com a urgência que a igualdade de gênero exige”, acrescentou ela.

Como presidente do NBD, estabelecido pelos países do BRICS, Rousseff ressaltou o papel das instituições financeiras multilaterais na promoção de um desenvolvimento inclusivo e justo de gênero.

“As finanças não são neutras”, disse ela. “Devemos não apenas financiar o crescimento, mas também moldar o tipo de desenvolvimento que buscamos – um que seja inclusivo, sustentável e equitativo.”

Como a primeira mulher presidente do NBD, Rousseff disse que o banco tem apoiado projetos que melhoram o acesso das mulheres à água potável, energia, transporte e moradia, particularmente em comunidades rurais e carentes.

“Onde investimos e em quem investimos moldam o futuro”, disse Rousseff. “Se quisermos realizar os objetivos da Plataforma para Ação de Beijing e da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, as instituições financeiras devem alinhar seu trabalho com as realidades vividas pelas mulheres. O NBD tem o potencial de liderar essa mudança, não apenas financiando projetos, mas também transformando a própria lógica do desenvolvimento”, acrescentou ela.

Segundo Rousseff, a Iniciativa de Governança Global da China (IGG) surge em um momento crítico da história. “Ao promover uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade, a iniciativa muda o paradigma da dominação e do unilateralismo para a parceria e o progresso coletivo”, afirmou ela.

“O progresso das mulheres é inseparável do progresso para a humanidade. Guiada por esse princípio, a IGG tem o potencial de ajudar a construir um mundo multipolar, pacífico e justo, onde a igualdade de gênero não seja uma preocupação periférica, mas um compromisso central”, disse Rousseff.

Foto aérea tirada em 17 de junho de 2022 mostra o edifício-sede do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), também conhecido como banco do BRICS, em Shanghai, no leste da China. (Xinhua/Fang Zhe)

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