Rio de Janeiro — A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado brasileiro para investigar possíveis omissões e falhas do governo no enfrentamento da pandemia da COVID-19 apresentou nesta quarta-feira o relatório final no qual se pede o indiciamento de 66 personas e duas empresas por um total de 29 crimes.
O relator da CPI da pandemia, o senador Renan Calheiros, divulgou nesta quarta-feira o relatório final, após quase seis meses de investigações e sessões.
Entre os denunciados está o presidente Jair Bolsonaro, a quem se acusa de epidemia com resultado morte, infração de medidas sanitárias preventivas, charlatanismo, incitação ao crime, falsificação de documentos particulares, gasto irregular de dinheiro público, prevaricação e crimes contra a humanidade e crimes de responsabilidade.
Também foram indiciados quatro ministros do atual governo: Marcelo Queiroga (Saúde), Onyx Lorenzoni (Trabalho), Wagner Rosario (Controladoria Geral) e Walter Braga Netto (Defesa), bem como dois ex-ministros: Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Eduardo Pazuello (Saúde).
Na lista figuram ainda os três filhos mais velhos de Bolsonaro, o senador Flávio, o deputado federal Eduardo e o vereador do Rio de Janeiro Carlos, além de vários políticos e empresários próximos ao atual presidente.
Com mais de 600 mil mortos pela COVID-19 e mais de 21,5 milhões de casos positivos, o Brasil é o segundo país do mundo com mais óbitos e o terceiro em número de infectados.
Durante a apresentação do relatório que tem mais de mil páginas, Calheiros qualificou a CPI de “histórica” e disse que obteve “enormes avanços institucionais”.
“Esta CPI consagrou enormes avanços institucionais, políticos e civilizatórios. É uma CPI histórica, com muitos legados para a sociedade. As demais instituições necessitam assimilar o contexto e as recomendações emanadas desta CPI. A história não perdoa os omissos e condenará os covardes”, disse o relator.
O documento também contempla 16 propostas legislativas, além de uma emenda à Constituição. Entre elas, a criação de uma pensão especial para os órfãos da COVID-19 até 21 anos de idade e a criminalização da divulgação e produção de ‘fake news’ relacionadas com a saúde pública.
O relatório deve ser votado na CPI na semana que vem. A CPI não tem o poder de determinar os indiciamentos.
Os pedidos de indiciamento serão encaminhados aos órgãos competentes, entre os quais a Procuradoria-Geral da República, aos ministérios públicos estaduais e ao Departamento da Polícia Federal, aos quais caberá a decisão sobre levar os pedidos à Justiça.
1. Jornalistas leem cópias do livro branco intitulado "Conquistas da China no Desenvolvimento Integral das Mulheres na Nova Era", divulgado pelo Departamento de Comunicação do Conselho de Estado durante uma coletiva de imprensa em Beijing, capital da China, em 19 de setembro de 2025. (Xinhua/Li Xin)