Rio de Janeiro — O Brasil quer antecipar em 2 ou 3 anos o objetivo de ter um desmatamento zero em 2030, afirmou nesta segunda-feira o vice-presidente do país, general Hamilton Mourão.
Em uma entrevista com a imprensa estrangeira, entre a qual se encontrava a Xinhua, Mourão falou sobre a participação do Brasil na COP-26, a reunião da ONU sobre o clima que se realizará a partir do próximo domingo em Glasgow e também defendeu que o país sul-americano deve ser recompensado pela comunidade internacional para preservar a Amazônia, a maior floresta do mundo.
“Na COP-26 reafirmaremos nossas obrigações determinadas, como reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa em 37% até 2025, e em 43% até 2039 e a questão do desmatamento integral. Nossa previsão era que o desmatamentos se reduzisse a zero em 2030, mas o que sei é que apresentaremos metas mais ambiciosas baixando o objetivo em 2 ou 3 anos”, disse Mourão.
Nos últimos anos, o Brasil vem se tornando em um dos focos da atenção mundial sobre o meio ambiente devido às altas cifras de desmatamento na Amazônia, considerada o pulmão do mundo e cuja destruição pode causar efeitos irreversíveis no clima mundial.
Nesse sentido, Mourão recordou que “o Brasil é responsável apenas por 2,3% das emissões globais do efeito estufa, a maioria vinculada ao uso da terra, o que significa que se tivermos uma meta mais ambiciosa, acredito que será muito bem vinda pela comunidade internacional”.
O vice-presidente admitiu as dificuldades dos organismos brasileiros para combater o desmatamento e os crimes ambientais devido a imensa extensão da floresta amazônica e se mostrou favorável a que o país receba uma compensação mundial para preservar a Amazônia.
“Temos um país de 8,5 milhões de km2, dos quais 5 milhões correspondem a Amazônia legal, ou seja quase 50% do Brasil é o bioma da Amazônia. Se temos que manter intacto 80% desse bioma para cooperar com o resto do mundo e, por nossa legislação, são 3,7 milhões de km2 a ser preservados, umas 10 vezes o território de Alemanha, creio que devemos ser compensados por realizar esse trabalho em favor da humanidade, de forma respeitosa e usando as armas da diplomacia”, ressaltou.
Mourão, que é presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, defendeu os esforços brasileiros para preservar a Amazônia, destacando que “os índices de incêndio foram reduzidos em cerca de 40%, o que mostra que as ações da agências ambientais e das forças de segurança começam a dar resultado.
Também reiterou que “a visão do estado brasileiro é a de que o cuidado com a Amazônia está sendo feito com parâmetros do século XXI, considerando a visão da sustentabilidade, da mudança climática e do respeito à legislação brasileira”.
Nesse sentido, defendeu uma exploração dos recursos da Amazônia preservando o meio ambiente e que ajude o desenvolvimento das comunidades locais.
“O desenvolvimento da Amazônia passa por vários desafios. Temos a biodiversidade e a economia e precisamos fazer uma exploração sustentável dos recursos existentes na floresta, mas não podemos abandonar a possibilidade de fazer extração da mineração estratégica que existe na região, onde há muitos recursos. A mineração estratégica se faz respeitando nossa legislação ambiental”, comentou.
Atualmente, o governo brasileiro planeja explorar umas minas de potássio existentes na região, algo que poderia ser feito com um crédito do Banco dos BRICS, o NBD.
“O BRICS tem seu próprio banco, o NFB, que tem uma carteira para apoiar os investimentos na bioeconomia da Amazônia. O potássio é uma das opções e uma vez que haja a liberação da área ambiental e das comunidades indígenas próximas, permitirá que o Brasil se torne praticamente autossuficiente na produção do potássio, que é extremamente importante para nossa agricultura”, assegurou Mourão.
Para o vice-presidente, “o estado tem a responsabilidade de ampliar as condições para que aquela região não tenha os piores índices de desenvolvimento humano e isso passa por respeitar os mandamentos ambientais do século XXI, desenvolver a bioeconomia, sem desaproveitar a riqueza mineral existente, com as limitações impostas pelo legislação ambiental”, concluiu.
1. Jornalistas leem cópias do livro branco intitulado "Conquistas da China no Desenvolvimento Integral das Mulheres na Nova Era", divulgado pelo Departamento de Comunicação do Conselho de Estado durante uma coletiva de imprensa em Beijing, capital da China, em 19 de setembro de 2025. (Xinhua/Li Xin)