Rio de Janeiro – O governo brasileiro promulgou oficialmente nesta terça-feira o Protocolo Complementar para o Desenvolvimento Conjunto do CBERS-6, um novo satélite de observação da Terra resultante da cooperação espacial com a China, publicando o mesmo no Diário Oficial da União.
O protocolo, que havia sido aprovado pelo congresso brasileiro em dezembro de 2024, é baseado em um acordo assinado em Beijing em abril de 2023.
O documento define as condições para o projeto, construção e lançamento do Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS-6), o sexto satélite da série, com lançamento previsto para 2028.
O CBERS-6 será baseado na Plataforma Multimissão (MMP), desenvolvida pelo Brasil e previamente validada na missão do satélite Amazônia 1. Diferentemente de seus antecessores, equipados com sensores óticos, o CBERS-6 transportará uma carga útil SAR (Radar de Abertura Sintética) de banda X de fabricação chinesa.
Esse tipo de radar permite a geração de imagens de alta resolução da superfície terrestre independentemente da cobertura de nuvens, da presença de fumaça, da chuva ou das condições de iluminação, tornando-o ideal para operações diurnas e noturnas.
A nova missão complementará as capacidades de monitoramento óptico oferecidas pelos satélites anteriores do programa, fortalecendo a capacidade do Brasil e da China de obter dados ambientais precisos e contínuos, mesmo em regiões com condições climáticas adversas ou períodos chuvosos frequentes, como a Amazônia.
Segundo o governo brasileiro, o CBERS-6 desempenhará um papel fundamental no monitoramento e no planejamento territorial. Os dados obtidos pelo satélite poderão ser utilizados para monitorar desmatamento e incêndios florestais, vigilância de fronteiras, estudos de expansão urbana, avaliação de recursos hídricos, controle de vegetação, vigilância de zonas costeiras e apoio à agricultura de precisão.
O radar SAR também permitirá uma resposta mais rápida e eficaz a desastres naturais e emergências ambientais, além de gerar dados úteis para políticas públicas ligadas ao desenvolvimento sustentável, à segurança nacional e à proteção de ecossistemas.
O Programa CBERS, lançado em 1988, é um dos exemplos mais bem-sucedidos de cooperação Sul-Sul na área de ciência e tecnologia espacial. Com este acordo, o Brasil tornou-se um dos poucos países do Hemisfério Sul com capacidade para construir e operar satélites de observação da Terra.
Até o momento, cinco satélites CBERS foram lançados, com resultados significativos tanto para o Brasil quanto para a China, e com dados que também foram compartilhados com países vizinhos da América Latina e da África.
O programa permitiu ao Brasil avançar em sua autonomia tecnológica na área espacial, desenvolver competências locais e dispor de uma ferramenta estratégica para o monitoramento de seu vasto território, que abrange mais de 8,5 milhões de km².
1. Jornalistas leem cópias do livro branco intitulado "Conquistas da China no Desenvolvimento Integral das Mulheres na Nova Era", divulgado pelo Departamento de Comunicação do Conselho de Estado durante uma coletiva de imprensa em Beijing, capital da China, em 19 de setembro de 2025. (Xinhua/Li Xin)