As páginas ácidas do Pasquim: jornalismo de resistência à Ditadura

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As páginas ácidas do Pasquim: jornalismo de resistência à Ditadura

Foto: ABI

Por Felipe Medeiros

Charge, críticas e conflitos ideológicos. Essas características e tantas mais são as que descrevemos jornal semanário Pasquim. De humor irreverente e críticas ácidas, conseguiu driblar as incessantes censuras do regime militar; sendo por isso, um símbolo de resistência para o campo jornalístico. O contexto em que ele foi editado foi no golpe militar, em que a censura imperava, ora ditando o que deveria ou não ser divulgado ora fechando veículos que insistiam em seguir indo de frente com as injustiças protegidas pelos líderes políticos. É com essa bagagem que o Pasquim é um farol de resistência e luta contra as desigualdades do jornalismo contemporâneo e para os jornalistas em formação.

Seja nas entrevistas e artigos seja nas charges, o semanário “chega chegando” com suas críticas ácidas e sem medo. Um exemplo é a charge da porta da oposição. A mesma é um homem parado de frente a uma porta com oposição escrita em cima. Ao lado, quando o mesmo abre a porta, encontra um muro atrás dela. Representando que a oposição era silenciada, perseguida e até assassinada.

E nas entrevistas e artigos, a crítica era protagonista. Mais um exemplo é o artigo “Independência, é? Vocês me matam de rir”, em que ele se refere ao “Jaguar dizendo que se ele achava que o Pasquim era independente, o veículo não duraria muito tempo com sua independência. No texto ainda acusa Millor de achar que era o inventor da liberdade de  imprensa. O texto como um todo critica a alienação da liberdade de expressão dos jornais, visto que ela era minada pelo governo da época.

Em última análise, a charge “os grandes não fazem por menos” mostra um elefante pisando em cima de um ratinho e sorrindo no final complementa o alvo da crítica. O elefante representava os poderosos do governo que se promoviam à custa da censura, das perseguições e torturas. Os “patriotas” do regime se promoviam a custa do desrespeito à dignidade humana e o direito a livre comunicação.

O veículo explorava essas críticas como uma forma de combater as injustiças dos “anos de chumbo”. O mesmo enfrentou perseguições e até atentados, como ataques a bancas que o vendiam na década de 81. Mas até seu fim, cumpriu a sua missão de “nadar contra a maré” e defender os ideais democráticos e a liberdade dos cidadãos.

O Pasquim, mesmo que encontrando seu fim em novembro de 1991, conseguiu ser um referencial para os jornalistas atuantes e em formação. O mesmo deve ser lembrado e ensinado nas escolas e cursos de jornalismo como uma demonstração do ideal do espírito jornalístico. Seu legado foi de criatividade, luta, resistência e não negociação dos princípios que regem o jornalismo e a democracia. O Pasquim deve ser um estandarte que representa o principal ideal que unem universitários em formação e os profissionais já experientes: coragem para mudar o olhar do mundo.

 

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