Beijing – Enquanto o mundo fazia a contagem regressiva para o novo ano, a relação diplomática entre China e EUA completa seu 45º aniversário.
Em novembro, o presidente chinês Xi Jinping e seu homólogo americano, Joe Biden, fizeram uma reunião histórica em São Francisco. Muitos, não apenas chineses e americanos, agora esperam que a cúpula seja um novo ponto de partida para as relações bilaterais.
“É a convergência de muita boa vontade e amizade que criou uma forte corrente através do grande Oceano Pacífico; é o alcance mútuo dos nossos povos que tem repetidamente tirado as relações entre China e EUA do declínio para o caminho certo”, disse Xi no jantar de recepção durante sua visita à Califórnia em novembro para a reunião da cúpula entre China e EUA e a 30ª Reunião de Líderes Econômicos da APEC.
AVANÇO A PARTIR DE UMA AMIZADE
Há cinquenta e dois anos, uma bolinha de pingue-pongue teve um papel essencial na aproximação entre a China e a América, após mais de duas décadas de distanciamento.
O verdadeiro avanço veio com um encontro público entre dois jogadores de pingue-pongue durante o Campeonato Mundial de Tênis de Mesa de 1971, no Japão. As imagens captaram uma troca amigável, e a inesperada boa vontade entre as equipes americana e chinesa rapidamente virou o assunto do torneio e foi prévia de uma visita marcante que levou ao estabelecimento de relações diplomáticas bilaterais.
Participantes da China e dos Estados Unidos tiram selfies em evento de comemoração do 52º aniversário da Diplomacia do Pingue-pongue em Fremont, Califórnia, Estados Unidos, no dia 15 de dezembro de 2023. (Foto por Li Jianguo/Xinhua)
“Esse gesto aparentemente pequeno teve um grande significado simbólico”, disse à Xinhua, Gene Sykes, presidente do Comitê Olímpico e Paraolímpico dos EUA, acrescentando: “O impacto desse evento foi muito além do domínio dos esportes. Foi a abertura para uma ampla gama de colaborações que abrangeram os domínios científico, cultural, artístico e educacional”.
Atualmente, este capítulo nas relações entre China e EUA, conhecido como “Diplomacia do Pingue-pongue”, continua por mais de meio século. A boa vontade, que descongelou as relações entre os dois países, dissipou o espectro da Guerra Fria e os uniu, servindo como exemplo vívido de cooperação que supera o distanciamento.
“A história mostrou que construir pontes é uma estratégia muito melhor do que construir muros ou cavar fossos” entre os Estados Unidos e a China, disse Tom Watkins, antigo conselheiro do Centro de Inovação Michigan-China.
“Lembro de como era a ‘diplomacia do pingue-pongue’ entre os Estados Unidos e a China no início dos anos 1970 e acho que deveríamos tentar novamente”, disse Stephen Mull, ex-subsecretário de Estado em exercício dos EUA para assuntos políticos.
CONTADORES DE HISTÓRIAS E CONSTRUTORES DE PONTES
A amizade entre as pessoas é a chave para relações sólidas entre países, e as pessoas de ambos os lados, como contadoras de histórias e construtoras de pontes, têm seu papel.
Visitantes em exibição de lanternas para comemorar o Ano Novo Lunar Chinês no Centro John F. Kennedy de Artes Cênicas em Washington D.C., Estados Unidos, no dia 29 de janeiro de 2022. (Xinhua/Ting Shen)
Esse vínculo lançou as bases para os laços bilaterais, ajudou que a relação atravessasse águas agitadas e continuará sendo ótimo nos próximos anos.
Apesar dos anos tumultuados nas suas relações, os povos chinês e americano, a nível popular, contam suas próprias histórias e destacam como é fundamental fortalecer os intercâmbios, independentemente das comunidades empresariais, acadêmicas ou culturais.
As pesquisas de opinião dos EUA mostraram que a geração mais jovem tem uma atitude diferente em relação à China em comparação com a geração mais velha, disse Warwick Powell, professor adjunto da Universidade de Tecnologia de Queensland.
“Os jovens testaram os benefícios dos intercâmbios com pessoas de todas as esferas da vida e entendem que não há motivos para que pessoas de diferentes partes do mundo não encontrem pontos comuns e alcancem objetivos juntos no interesse comum”, disse ele.
Brooke Leonard, um aficionado por pingue-pongue de 32 anos de Los Angeles, disse que se divertiu muito aprendendo, jogando e apreciando o esporte. Além de fazer amizade com muitos chineses, agora ele recomenda o esporte para amigos e familiares americanos.
Na megacidade Chongqing, no sudoeste da China, um museu dedicado aos Tigres conta uma história comovente de americanos e chineses lutando juntos durante a guerra e de como o povo chinês é grato pela sua bravura e sacrifício.
Em novembro, uma delegação de mais de 30 membros dos veteranos dos Tigres Voadores e seus descendentes visitou Kunming, o ponto de partida da “the Hump”, uma rota de transporte aéreo essencial sobre o Himalaia e a principal forma pela qual os Aliados abasteceram a China entre 1942 e 1945 na Segunda Guerra Mundial.
Hoje, memoriais, exposições e eventos em homenagem a esse capítulo da história resumem a forte amizade entre os dois povos que tanto resistiram. E mais de 1.000 veteranos dos Tigres Voadores e suas famílias foram convidados a visitar a China.
Veterano dos Tigres Viadores, Harry Moyer (esquerda, frente), visita Museu Stilwell no município de Chongqing, sudoeste da China, no dia 1º de novembro de 2023. (Xinhua/Wang Quanchao)
Os americanos, por sua vez, sempre se lembram dos chineses que arriscaram suas vidas para salvar os pilotos americanos. Os descendentes desses pilotos americanos costumam visitar o Doolittle Raid Memorial Hall, na província de Zhejiang, no leste da China, para homenagear os chineses por seus esforços heroicos.
Dos empresários americanos que visitam a China, ao “Laço com Kuliang: Fórum de Amizade entre Povos China-EUA 2023”, e da delegação dos Tigres Voadores dos EUA que visitam a China, ao quinto Fórum da Conferência de Cidades Irmãs China-EUA, os povos chinês e americano demonstraram boa vontade e uma amizade firme, injetando ímpeto nos laços bilaterais e na cooperação.
Essas histórias animadoras podem ajudar a melhorar a situação difícil da relação entre China e EUA. Essa é provavelmente a melhor maneira de continuar o legado na nova era.
“É SEMPRE A HORA CERTA DE FAZER COISAS CERTAS”
Martin Luther King, uma figura importante do movimento americano pelos direitos civis na década de 1950, disse certa vez: “É sempre a hora certa de fazer coisas certas”.
O mundo inteiro está observando os dois principais países, esperando que continuem o impulso positivo nas suas relações desde a cúpula de São Francisco e se empenhem em mais “trabalho de manutenção” no que diz respeito ao seu relacionamento.
Há várias razões para fazer a relação entre China e EUA funcionar. Pessoas comuns de ambos os lados querem isso. O mundo também.
“Como planeta, enfrentamos vários desafios: a necessidade de alimentar quem passa fome, lidar com as mudanças climáticas, sustentar o crescimento econômico e a criação de emprego, e manter a estabilidade global. Esperamos que haja uma redefinição positiva e melhores relações entre os dois principais países”, disse Grant Kimberley, produtor de soja de sexta geração e diretor de marketing da Associação de Soja de Iowa.
O futuro depende dos esforços conjuntos de ambos os povos, especialmente das gerações mais jovens. Para as relações entre China e EUA, a esperança e a base estão nas pessoas, e o futuro está nos jovens.
Para aumentar os intercâmbios bilaterais, especialmente entre os jovens, a China anunciou um plano para convidar 50 mil jovens americanos para a China para programas de intercâmbio e estudo nos próximos cinco anos. Enquanto isso, um número crescente de jovens americanos entrou nas Escolas de Amizade e no Programa de Liderança Juvenil Tigres Voadores, lançado pela Sino-American Aviation Heritage Foundation em 2022.
Estes esforços tangíveis, passo a passo, ajudaram a cultivar as sementes da amizade, da compreensão mútua e da cooperação de ambos os lados.
“Quanto mais intercâmbios, sejam eles educativos, desportivos ou musicais, ou de qualquer tipo entre nossos dois países… se fizermos isso, poderemos quebrar barreiras e abrir uma comunicação que é simplesmente fenomenal”, disse Connie Sweeris, campeã americana de tênis de mesa que participou da viagem quebra-gelo à China em 1971.
“Fomos parceiros na guerra, agora sejamos sempre parceiros na paz”, disse Mel McMullen, veterano dos Tigres Voadores.
1. Jornalistas leem cópias do livro branco intitulado "Conquistas da China no Desenvolvimento Integral das Mulheres na Nova Era", divulgado pelo Departamento de Comunicação do Conselho de Estado durante uma coletiva de imprensa em Beijing, capital da China, em 19 de setembro de 2025. (Xinhua/Li Xin)