Beijing – O relatório sobre o tratamento da água nuclear contaminada da Usina Nuclear de Fukushima Daiichi, divulgado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), não pode justificar nem legitimar a descarga de água contaminada por energia nuclear no oceano pelo Japão, nem deve ser o “escudo” ou a “luz verde” para isso, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Wang Wenbin, na quarta-feira.
Wang fez as observações em uma coletiva de imprensa regular quando solicitado a comentar o relatório da AIEA. Ele disse que o Ministério das Relações Exteriores da China, a Autoridade de Energia Atômica da China e a Administração Nacional de Segurança Nuclear deixaram clara a posição forte da China.
“A posição da China é baseada na ciência e nos fatos. Gostaria de enfatizar novamente que o relatório não deve ser o ‘escudo’ ou ‘luz verde’ para a descarga de água contaminada por energia nuclear no oceano pelo Japão”, disse Wang.
Ele disse que, primeiramente, o relatório não pode justificar o plano do Japão de despejar água contaminada nuclear no oceano. O lado japonês decidiu unilateralmente despejar a água no oceano, o que na verdade está minimizando seus próprios custos e riscos e faz com que o mundo corra riscos de contaminação nuclear que poderiam ter sido evitados. O relatório salientou claramente que a AIEA não fornece nem uma recomendação, nem um endosso ao plano de descarga oceânica do Japão.
“Segundo, o relatório não pode dar legitimidade ao plano do Japão de descarregar água contaminada nuclear no oceano”, disse ele, acrescentando que, ao descarregar a água contaminada nuclear no Oceano Pacífico, o lado japonês pode violar obrigações estipuladas no direito internacional, incluindo a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM) e a Convenção sobre a Prevenção da Poluição Marinha por Despejo de Resíduos e Outras Matérias de 1972.
“Uma vez que o Japão afirma que respeita o direito e as regras internacionais, deve à comunidade internacional uma explicação”, acrescentou Wang.
Em terceiro lugar, o relatório não pode garantir a segurança do plano do Japão de descarregar água contaminada nuclear no oceano. A eficácia e a confiabilidade a longo prazo da instalação de purificação do Japão não são verificadas por terceiros, a autenticidade e a precisão dos dados de água contaminada nuclear carecem de provas e a influência de longo prazo dos radionuclídeos da água contaminada nuclear na segurança alimentar e na saúde das pessoas por meio da concentração biológica não foi estudada, apontou.
Em quarto lugar, o relatório não pode garantir a eficácia do arranjo de monitoramento. Wang disse que a Tokyo Electric Power Company (TEPCO), operadora da usina nuclear, adulterou ou reteve dados de água contaminada nuclear por muitas vezes. No plano da AIEA, o arranjo de monitoramento não inclui amostragem independente e toma os dados e informações da TEPCO como base do monitoramento. “Tal prática é desaconselhável”, disse.
“Os fatos mostraram que o relatório não resolveu a forte oposição contra a descarga oceânica tanto no Japão quanto no resto do mundo”, disse Wang.
Ele citou resultados de pesquisas relativas, dizendo que, segundo a última pesquisa no Japão, 40% dos japoneses se opõem à descarga oceânica, e conforme uma pesquisa conjunta do jornal sul-coreano Hankook Ilbo e do jornal japonês Yomiuri Shimbun, mais de 80% das pessoas da República da Coreia desaprovam a descarga de água contaminada nuclear no oceano pelo Japão.
Especialistas e pessoas dos países insulares do Pacífico, Filipinas, Indonésia, África do Sul, Peru e outros países protestaram e expressaram sua oposição. O povo chinês está fortemente preocupado com o plano de despejo do Japão. Os departamentos do governo chinês vão melhorar o monitoramento do ambiente marinho e fortalecer a inspeção e quarentena de frutos do mar e outros produtos importados para salvaguardar a saúde da população e a segurança alimentar, disse Wang.
De acordo com notícias, o governo japonês planeja iniciar o processo de descarga oceânica já no mês de agosto.
A planejada descarga oceânica de água contaminada nuclear pelo Japão tem a grande ver com o interesse público internacional. “Os riscos são muito altos. Não podemos nos dar ao luxo de ignorar riscos que podem levar a um acidente”, observou Wang.
“Exortamos ao Japão que respeite a ciência e os fatos, não tente usar o relatório da AIEA para defender sua descarga oceânica, cumpra fielmente sua responsabilidade moral e obrigações sob o direito internacional, pare de impulsionar o plano de descarga oceânica e trate da água contaminada nuclear de maneira responsável”, disse o porta-voz.
1. Jornalistas leem cópias do livro branco intitulado "Conquistas da China no Desenvolvimento Integral das Mulheres na Nova Era", divulgado pelo Departamento de Comunicação do Conselho de Estado durante uma coletiva de imprensa em Beijing, capital da China, em 19 de setembro de 2025. (Xinhua/Li Xin)