O que saber sobre a ascensão ao poder da primeira primeira-ministra do Japão, Takaichi?

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O que saber sobre a ascensão ao poder da primeira primeira-ministra do Japão, Takaichi?

Foto: Xinhua

Tóquio – Sanae Takaichi, líder do Partido Liberal Democrático (PLD), partido no poder no Japão, foi oficialmente eleita a 104ª pessoa para ocupar o cargo de primeiro-ministro do Japão nesta terça-feira, após vencer em ambas as casas do parlamento, um dia após seu partido concordar em formar uma coalizão com o Partido da Inovação do Japão (PIJ), de direita.

Com o apoio do PIJ, Takaichi garantiu a cadeira de primeira-ministra, tornando-se a primeira mulher no país a ocupar o cargo. Qual é a trajetória de Takaichi? Como foi seu desempenho na votação parlamentar? Quais são os desafios enfrentados pela coalizão recém-formada?

PERFIL DE TAKAICHI

Nascida em 1961 na província de Nara, Takaichi foi eleita pela primeira vez para a Câmara dos Representantes em 1993 e, desde então, ocupou vários cargos importantes, incluindo o de ministra de Assuntos Internos e Comunicações, ministra da Segurança Econômica e vice-ministra da Economia, Comércio e Indústria.

Aliada próxima do falecido primeiro-ministro Shinzo Abe, Takaichi é amplamente considerada uma firme sucessora de sua agenda política. Aos 64 anos, ela se identifica como conservadora firme e defende a restauração dos valores tradicionais japoneses e do orgulho nacionalista, enfatizando emendas constitucionais, o fortalecimento da segurança e a manutenção da sucessão exclusivamente masculina na família imperial.

Takaichi já disputou a liderança do PLD três vezes. Após tentativas frustradas em 2021 e 2024, ela conquistou a presidência em outubro deste ano, derrotando Shinjiro Koizumi no último turno da votação.

Pouco depois, porém, ela enfrentou seu primeiro desafio como líder quando o PLD perdeu seu antigo parceiro de coalizão, Komeito. O chefe do Komeito, Tetsuo Saito, anunciou a decisão de encerrar a parceria de 26 anos de seu partido com o PLD, citando a resposta “insuficiente” do partido no poder a um escândalo de financiamento político de alto perfil.

Takaichi foi eleita presidente do PLD em 4 de outubro. A votação para a nomeação de primeira-ministra estava originalmente marcada para 15 de outubro, mas foi adiada para 21 de outubro, já que a incerteza após a saída de Komeito gerou dúvidas se Takaichi conseguiria apoio parlamentar suficiente na disputa.

VITÓRIA EM AMBAS AS CÂMARAS

De acordo com a lei japonesa, a eleição de um novo primeiro-ministro é realizada em votações separadas em ambas as casas da Dieta, o parlamento japonês. Em cada casa, se nenhum candidato obtiver maioria no primeiro turno, um segundo turno será realizado entre os dois mais votados. A escolha na câmara baixa prevalecerá em caso de decisão dividida.

Para consolidar seus votos em meio à instabilidade política, Takaichi manteve negociações com vários partidos de oposição, incluindo o Partido Democrático para o Povo e o PIJ. Com o novo parceiro de coalizão do PLD, o PIJ, decidindo apoiá-la, ela conseguiu efetivamente garantir sua vitória na votação de terça-feira.

Na Câmara dos Representantes, com 465 membros, Takaichi obteve 237 votos no primeiro turno, derrotando o líder do Partido Democrático Constitucional, Yoshihiko Noda, da oposição, com 149 votos, e outros concorrentes.

No entanto, nenhum candidato obteve maioria no primeiro turno na Câmara dos Conselheiros, com 248 membros. Takaichi liderou com 123 votos, seguido por Noda com 44. Como resultado, um segundo turno sem precedentes para a câmara alta, o primeiro em 13 anos, foi desencadeado entre Takaichi e Noda, com Takaichi vencendo a disputa.

Na nova composição do gabinete, Takaichi ofereceu cargos importantes aos seus quatro rivais na disputa pela liderança do PLD em outubro, sinalizando sua intenção de construir a união do partido e garantir a estabilidade política. Shinjiro Koizumi assumirá o cargo de ministro da Defesa, enquanto Toshimitsu Motegi retornará como ministro das Relações Exteriores.

Os outros dois são Yoshimasa Hayashi, que será escolhido como ministro de Assuntos Internos e Comunicações, e Takayuki Kobayashi, já nomeado chefe de políticas do PLD.

Entre outros cargos importantes no governo está o de secretário-chefe de Gabinete, Minoru Kihara, ex-ministro da Defesa.

NOVA ALIANÇA COMPLICADA

As lideranças do PLD e do PIJ se reuniram na noite de segunda-feira em Tóquio para assinar formalmente o acordo de coalizão. Ao contrário do modelo de parceria de longa data entre o PLD e Komeito, a nova coalizão terá uma forma relativamente flexível, com o PIJ não devendo assumir cargos no gabinete por enquanto.

De acordo com relatos da mídia, Takaichi havia oferecido “vários cargos ministeriais” ao PIJ, uma medida que fortaleceria seu compromisso com a coalizão, mas o partido recusou a oferta sob a alegação de “falta de experiência em governança”, aparentemente refletindo a postura cautelosa do PIJ.

Essa medida é amplamente vista como uma “estratégia de desengajamento” do PIJ. Acredita-se que o PIJ pretende manter certa distância do PLD para se retirar a qualquer momento em caso de divergências políticas ou mudanças na opinião pública.

Se o partido se juntasse ao gabinete, compartilharia a responsabilidade pelos projetos de lei orçamentária e pelas principais políticas, enquanto permanecer fora do gabinete permitiria traçar uma linha clara quando necessário e evitar assumir riscos políticos.

Enquanto isso, o desempenho do PIJ nas eleições para a câmara baixa do ano passado e para a câmara alta deste ano ficou aquém das expectativas, comprometendo sua posição como o “terceiro maior partido”, depois do PLD e do Partido Democrático Constitucional. Além disso, uma série de saídas recentes de parlamentares do partido enfraqueceu sua coesão interna. O jornal Asahi Shimbun informou que os principais líderes do PLD estão preocupados que a falta de estabilidade do PIJ afete a sustentabilidade de sua cooperação.

Em relação à implementação de políticas, o Nikkei destacou que a aliança PLD-PIJ ainda não obtém maioria em ambas as casas da Dieta, o que representa grande incerteza quanto à implementação de políticas. Isso é particularmente verdadeiro, considerando que o PIJ incluiu a redução do número de cadeiras na Dieta como uma “condição inegociável” para a aliança. Apesar de o PLD concordar com o corte de cadeiras parlamentares, há forte resistência tanto no partido governista quanto na oposição. Se essa proposta fundamental se mostrar difícil de concretizar, “o pré-requisito para a aliança pode já ter sido minado desde o início”.

A nova primeira-ministra do Japão, Sanae Takaichi (primeira fila, centro), posa para foto com membros de seu gabinete no gabinete da primeira-ministra em Tóquio, Japão, em 21 de outubro de 2025. Sanae Takaichi, líder do Partido Liberal Democrático (PLD) do Japão, foi oficialmente eleita primeira-ministra do país na terça-feira, após vencer em ambas as casas do parlamento, tornando-se a primeira mulher líder do país. (Xinhua/Jia Haocheng)

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