(250825) -- SANAA, Aug. 25, 2025 (Xinhua) -- A destroyed oil tankers is seen after it was struck by Israeli airstrikes on Sunday, in Sanaa, Yemen, Aug. 25, 2025. The death toll rose to six from Israeli airstrikes on Yemen's capital Sanaa, with 86 others wounded, the Houthi-run health ministry said Monday. (Photo by Mohammed Mohammed/Xinhua)
Por Murad Abdo
Áden, Iêmen, 8 set (Xinhua) — O confronto entre Israel e o grupo Houthi do Iêmen entrou em uma nova fase depois que um ataque aéreo israelense em 28 de agosto matou Ahmed al-Rahawi, chefe do governo apoiado pelos Houthi, juntamente com nove de seus ministros.
Essas autoridades Houthis estariam participando de uma reunião em Sanaa e assistindo a um discurso televisionado do líder do grupo, Abdulmalik al-Houthi, sobre a guerra de Gaza quando os ataques aéreos israelenses ocorreram. De acordo com uma fonte Houthi, aviões de guerra israelenses lançaram 10 ataques aéreos contra um prédio no sul de Sanaa.
Foi a primeira vez desde que Israel começou a atacar o Iêmen em julho de 2024 que líderes Houthis foram mortos, levantando questões sobre a estratégia militar de Israel, a resiliência dos Houthis e o potencial de uma escalada regional mais ampla.
QUAL FOI A RESPOSTA DOS HOUTHIS?
Logo após os ataques israelenses, as autoridades Houthis reagiram de forma desafiadora, prometendo continuar apoiando Gaza e fortalecer suas forças armadas.
Em 30 de agosto, Mahdi al-Mashat, chefe do Conselho Político Supremo, o mais alto órgão de governo dos Houthis em Sanaa, alertou em um discurso transmitido pela TV al-Masirah que “Israel deve aguardar dias sombrios”. O ministro da Defesa, Mohammed Nasser al-Atifi, declarou que as forças Houthis “estão prontas em todos os níveis para confrontar” Israel, enquanto o chefe do Estado-Maior Militar, Mohammed Abdulkarim al-Gumari, afirmou que “a agressão israelense a locais civis não passará sem punição”.
Em 1º de setembro, o grupo Houthi anunciou que havia alvejado e atingido o Scarlet Ray, um petroleiro “ligado a Israel” no norte do Mar Vermelho. O grupo iemenita lançou mísseis e drones contra Israel nos dias seguintes. No domingo, os Houthis alegaram ter enviado oito drones em direção a Negev, Eilat, Ashkelon, Ashdod e Tel Aviv. Um drone atingiu o saguão de desembarque do Aeroporto Ramon, perto de Eilat, ferindo pelo menos duas pessoas e forçando a suspensão temporária do tráfego aéreo.
Analistas acreditam que os Houthis, que possuem um estoque de mísseis e drones capazes de atingir o interior do território israelense, buscam arrastar Israel para uma guerra de atrito prolongada.
Outra resposta dos Houthis aos ataques israelenses foi a detenção de funcionários da ONU. Em 31 de agosto, o grupo deteve pelo menos 11 funcionários da ONU em Sanaa e Hodeida, elevando o número total de funcionários da ONU detidos no norte do Iêmen para 34, segundo o enviado especial da ONU, Hans Grundberg.
De acordo com relatos da mídia, os Houthis acusaram os funcionários da ONU de espionagem a favor de Israel e dos Estados Unidos.
O CONFLITO SE EXPANDIRÁ?
É improvável que as mortes de altos funcionários civis afetem as operações militares dos Houthis, que são comandadas por comandantes militares fora de Sanaa. Analistas afirmam que o grupo deve continuar seus ataques contra alvos israelenses.
“A maioria dos principais líderes militares está baseada em áreas remotas e montanhosas das províncias do norte, o que os torna extremamente difíceis de alcançar”, disse o especialista militar iemenita Ali Bin Hadi.
Os ataques israelenses contra altos funcionários Houthis alimentaram especulações sobre se eles marcam o início de uma campanha mais ampla contra os líderes Houthis, potencialmente desfazendo os frágeis entendimentos regionais e piorando a instabilidade.
“Israel corre o risco de ser arrastado para um conflito sem saída clara”, disse Mohamed Mohsen, um escritor político iemenita. “Se os Houthis mantiverem seus ataques, Israel poderá ser forçado a comprometer mais recursos, enquanto enfrenta um crescente desafio de segurança interna”.
Analistas também alertam que as tensões podem se estender para além do próprio Iêmen. O Mar Vermelho e o Estreito de Bab al-Mandab, entre as rotas marítimas mais movimentadas do mundo, provavelmente testemunharão confrontos intensos que ameaçam o comércio internacional.
Uma nova escalada também pode atrair facções iemenitas aliadas à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes Unidos, especialmente se receberem apoio militar ou político de Washington. Analistas alertam que esse desenvolvimento corre o risco de envolver múltiplas potências regionais em um conflito crescente.
As tensões mais recentes também afetam o frágil acordo de distensão negociado em maio entre Washington e os Houthis, que interromperam os confrontos no Mar Vermelho. Qualquer novo ataque a navios americanos poderia desfazer completamente o acordo, levando Washington de volta ao confronto direto com os Houthis.
Analistas dizem que a escalada ressalta uma realidade mais ampla: o conflito não resolvido entre Israel e Palestina continua alimentando a instabilidade muito além de Gaza, atraindo novos atores para o confronto. Xinhua