Exportações italianas sofrem pressão em meio a tarifas americanas e turbulências cambiais

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Exportações italianas sofrem pressão em meio a tarifas americanas e turbulências cambiais

Foto: Alberto Lingria/Xinhua

Roma – Enquanto um acordo comercial entre os Estados Unidos e a União Europeia (UE) continua sem solução, a Itália enfrenta dois desafios: uma nova rodada de tarifas americanas que pode atingir diretamente sua economia dependente de exportações e um dólar americano enfraquecido que efetivamente atua como tarifa “implícita” sobre as exportações italianas.

O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a decisão de impor uma tarifa de 30% sobre as importações da UE e do México a partir de 1º de agosto, gerando mais incertezas aos exportadores italianos que dependem muito do mercado americano.

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística da Itália (ISTAT), a Itália foi classificada como o terceiro maior exportador da UE para os Estados Unidos em 2024, com as remessas para esse mercado representando 10% de suas exportações totais, uma participação comparável à da Alemanha e superior à da França ou da Espanha.

IMPACTOS TARIFÁRIOS NA ITÁLIA

Em 2024, a Itália registrou um superávit comercial de 39 bilhões de euros com os Estados Unidos. As exportações para país representam 22,2% das vendas da Itália para países fora da UE, superando a média da UE de 19,7%. Os principais setores de exportação da Itália para os Estados Unidos incluem bebidas, automóveis e outros equipamentos de transporte, de acordo com um relatório da Confindustria, a principal associação italiana representante da indústria manufatureira e de empresas de serviços.

Atualmente, Washington cobra uma taxa de 50% sobre o aço e o alumínio da UE e uma taxa de 25% sobre carros e autopeças, enquanto a maioria dos outros produtos está sujeita a uma alíquota básica de 10%.

O Estudo de Política Internacional (ISPI) estima que, se os EUA decretarem uma tarifa de 30%, o PIB da Alemanha cairá 0,5%, o da Itália 0,36% e o da França cerca de 0,25%, em comparação com um cenário sem essas tarifas.

No início desta semana, a Associação Italiana para o Desenvolvimento da Indústria no Mezzogiorno (SVIMEZ) também divulgou sua estimativa, projetando uma redução de quase um quinto no volume de exportações e uma perda de 12,4 bilhões de euros no comércio após as tarifas entrarem em vigor.

Um paraquedista se apresenta nas comemorações do Dia da República em Roma, Itália, no dia 2 de junho de 2025. (Foto por Alberto Lingria/Xinhua)

TARIFA “IMPLÍCITA” SOBRE EXPORTAÇÕES ITALIANAS

Além dos aumentos de tarifas dos EUA, a atual taxa de câmbio euro-dólar é mais um obstáculo para os exportadores italianos. O ministro da Economia e Finanças italiano, Giancarlo Giorgetti, destacou recentemente que um dólar fraco atua efetivamente como uma tarifa “implícita”, tornando os produtos americanos mais baratos e os importados mais caros, distorcendo assim os fluxos de comércio internacional.

A desvalorização do dólar em relação ao euro “é a maior do mundo”, e as projeções da Confindustria indicam que isso aumentará nos próximos meses, chegando a até 20%.

“Qualquer nível tarifário acima disso está fora de controle”, pois o dólar desvalorizado já representa a “tarifa mais alta que (a Europa) já enfrentou… nos impossibilitando desde o início”, disse Emanuele Orsini, presidente da Confindustria, em conferência em Roma. Em sua opinião, a única tarifa aceitável sobre as exportações da UE para os Estados Unidos seria zero, já que o bloco enfrenta uma taxa de câmbio desfavorável.

Os dados de mercado refletem essas preocupações. O euro era negociado a cerca de 1,162 dólar no final de sexta-feira, contra aproximadamente 1,03 dólar do início do ano. Essa tarifa “implícita” já desacelerou o ritmo das exportações italianas. Dados do ISTAT mostram que as importações italianas dos Estados Unidos aumentaram 18,5% em maio, em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto as exportações para os Estados Unidos aumentaram apenas 2,5%.

RISCOS E RESPOSTA À EXPORTAÇÃO

Mais de 6.000 empresas italianas, em sua maioria micro e pequenas, estão diretamente expostas aos riscos de tarifas mais altas dos EUA, informou a Agência Italiana de Comércio em um relatório divulgado na quarta-feira.

O relatório estimou que o valor das exportações dessas empresas para os Estados Unidos ultrapassa 11 bilhões de euros.

Lucia Aleotti, vice-presidente da Confindustria, descreveu as exportações como a locomotiva econômica da Itália. Com o superávit comercial da Itália com os Estados Unidos atingindo 39 bilhões de euros no ano passado, qualquer impacto prolongado de tarifas ou desvalorização do dólar poderá impactar muito a economia italiana, disse ela.

Aleotti alertou ainda que, a médio prazo, o maior risco está na transferência da produção das empresas para os Estados Unidos, conforme o apelo da Europa aos investidores continua diminuindo.

“As repercussões seriam nacionais”, disse o presidente da SVIMEZ, Luca Bianchi, ao canal de televisão Class CNBC.

O ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, afirmou na segunda-feira que a UE está preparada para impor bilhões de euros em tarifas retaliatórias sobre produtos americanos, caso as negociações comerciais em andamento não cheguem a um acordo.

Em entrevista publicada pelo jornal italiano Il Messaggero, Tajani destacou que, embora a UE tenha as ferramentas para defender seus interesses econômicos, o diálogo continua sendo o melhor caminho. “As tarifas prejudicam todos os lados, incluindo os EUA”, disse ele. (1 euro = 1,16 dólar americano)

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