Wuhan – “A China e o Brasil possuem potencial significativo para a cooperação no campo dos grandes rios”, afirmou à Xinhua Liliana Pena Naval, diretora do Museu das Águas Brasileiras, durante o Fórum de Grandes Rios 2025, realizado nesta sexta-feira na cidade de Wuhan, Província de Hubei, no centro da China.
Com o tema “Civilização de Grandes Rios: Segurança Hídrica Global e Desenvolvimento de Alta Qualidade”, o fórum reuniu cerca de 240 participantes de organizações internacionais, universidades, institutos de pesquisa e órgãos governamentais de mais de 20 países e regiões.
A especialista brasileira compartilhou em um fórum paralelo suas percepções sobre a bacia do Tocantins-Araguaia e a missão do Museu das Águas Brasileiras. “Na era da globalização, pressões como o comércio internacional, a navegação intensiva e a poluição transnacional aumentam a vulnerabilidade tanto dos ecossistemas quanto das heranças culturais”, defendeu ela, apelando por iniciativas de gestão integrada e cooperação internacional e destacando os intercâmbios de civilizações globais e a governança ecológica dos principais rios do mundo.
Ela observou que a prática da China na gestão de grandes rios, com legislação específica para as principais bacias hidrográficas, como a Lei de Proteção do Rio Yangtzé, podem servir de referência para gestão de grandes rios de outros países.
“O governo chinês já implementou programas de realocação e eliminação de fontes de poluição e projetos avançados de conservação de espécies ameaçadas de extinção, como iniciativas de reprodução e soltura do boto do Yangtzé e do esturjão chinês”, disse a diretora brasileira, destacando especificamente a aplicação de tecnologias avançadas da China na governança de grandes rios.
Ela explicou que na gestão do rio Yangtzé, os sistemas de gêmeo digital integram dados meteorológicos e operacionais de engenharia para realizar análises de simulação, auxiliando na mitigação de enchentes e avaliando os impactos das intervenções de engenharia. As tecnologias de sensoriamento remoto espacial permitem o mapeamento em grande escala do uso da terra, do desmatamento e da qualidade da água.
“Essas tecnologias ampliam a capacidade de monitoramento em tempo real, previsão de enchentes, gestão operacional de tráfego fluvial, e avaliação de impactos ambientais antes que se tornem desastres”, afirmou.
Para Liliana, os intercâmbios entre países que abrigam grandes rios são necessários. “O Brasil e a China podem compartilhar conhecimentos técnicos, legais e práticos em áreas como restauração ecológica, monitoramento remoto e conservação de espécies aquáticas. Já existem memorandos bilaterais sobre restauração de vegetação que podem ser um ponto de partida excelente”, sugeriu.
A cooperação entre a China e o Brasil tem o potencial de criar um modelo de gestão fluvial que seja tecnologicamente avançado e respeite a diversidade cultural e ecológica, segundo ela.