Aumento de estrangeiros em Beja duplicou o número de nascimentos

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Aumento de estrangeiros em Beja duplicou o número de nascimentos

Foto: Diário do Sul

Por Roberto Dores
Redação «Diário do SUL»

Évora (Portugal) – Beja é o único distrito do Alentejo que assistiu à fixação de mais população estrangeira do que ao nascimento de bebés em 2019. Chegaram ao Baixo Alentejo 2.444 imigrantes, tendo nascido 1.219 crianças. A procura de trabalho nos campos justifica o fenómeno.

Évora e Portalegre exibem uma realidade bem diferente. Ao distrito eborense chegaram 261 estrangeiros tendo nascido 1150 crianças, enquanto no distrito de Portalegre se instalaram 83 estrangeiros tendo nascido 709 bebés.

As questões económicas ajudam a explicar o fenómeno do Baixo Alentejo, sendo o aumento de imigração atribuído ao facto das pessoas procurarem trabalho em torno dos campos agrícolas, há largos anos, assumidamente carentes de mão-de-obra.

Os dados disponibilizados pelos Serviços de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) atestam que a maioria dos imigrantes procura trabalho, instalando-se nos locais com maior oferta de emprego, onde o distrito de Beja regista procura acentuada, por exemplo, ao nível da apanha de frutos vermelhos.

A instalação de estrangeiros que procuram trabalhar no setor primário acaba também por contribuir para o aumento da natalidade do distrito de Beja, segundo a conclusão exibida pela investigadora na área da demografia Maria Valente Rosa. Admite mesmo que o Baixo Alentejo representa um dos casos mais curiosos do país, já que 14% dos nascimentos na região no ano passado se reportam a mães estrangeiras, quando a média nacional é de 12%.

Uma nova realidade que traduz um contributo relevante para aumentar a dinâmica da população, fazendo com que a tendência de diminuição populacional registada na última década seja agora invertida, ainda que ligeiramente, como aconteceu em 2019.

Segundo os dados do SEF, a grande fatia das pessoas que procuram trabalho nos campos do Baixo Alentejo têm idades férteis – entre os 20 e os 50 anos – e optam por ter filhos também devido às melhores condições de vida que aqui encontram.

Ainda assim, há também pessoas que estão a instalar-se no país com idades mais avançadas, por razões não laborais, como são os casos dos britânicos, franceses ou mesmo italianos.

A nível nacional, a população portuguesa aumentou no ano passado em relação a 2018, graças à imigração, com um crescimento efetivo de 0,19 por cento, a primeira vez em 10 anos, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Porém, segundo as estimativas de população residente, os portugueses ficaram ainda mais velha no espaço de 10 anos, com metade dos residentes acima dos 45,5 anos, mais 4,3 anos do que se verificava em 2009.

Em 2019, o INE estima que vivessem em Portugal 10.295.909 pessoas (5.435.932 mulheres e 4.859.977 homens), mais 19.292, a primeira vez que o saldo é positivo desde 2009. Em 2019, a idade média a que as mulheres tinham filhos aumentou para 31,4 anos, mais 1,7 anos do que em 2009.

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