

Por Fernando Valente Pimentel Presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit)
O desfecho da reunião comemorativa aos 30 anos do Mercosul, com a discussão entre os presidentes da Argentina, Alberto Fernández, e do Uruguai, Luis Lacalle Pou, reviveu cenas observadas no contexto da Libertadores da América, mais importante campeonato futebolístico continental, no qual muitos jogos entre times dos países signatários também terminam em desentendimento. O episódio demonstrou ser necessária uma reorganização do bloco, que está se distanciando de seus objetivos.
Tais distorções são mais graves neste momento de pandemia, no qual o mundo está passando por rápidas transformações, com a reavaliação dos conceitos de globalização e discussões sobre a produção nacional em setores estratégicos, ante o temor da dependência externa. Mais do que nunca, seria importante que os países fundadores e os associados ao Mersosul somassem potencialidades, provessem de modo intercomplementar suas cadeias de suprimentos e buscassem melhores condições no comércio exterior a partir da coesão.
Entretanto, o bloco não consegue avançar nas suas questões internas e nas relações multilaterais. Tem um acordo de livre comércio com a União Europeia ainda não validado e segue desarticulado no diálogo e no entendimento entre os signatários quanto às próprias tarifas comuns, normas e regras de produção. Também não avançam, por exemplo, soluções concretas para investimentos em infraestrutura, principalmente de transportes e logística, fundamentais para os quatro países e o conjunto do bloco.
O Mercosul cunhou uma identidade forte, mas as assimetrias entre as quatro nações fundadoras e dentro de cada uma delas seguem impedindo o êxito dos objetivos com os quais foi criado. As dificuldades das duas maiores economias do bloco, a brasileira e a argentina, dificultam os avanços. Tais problemas agravam-se neste momento de séria crise na rede mundial de suprimentos de insumos, bens de capital e vacinas.
Há, contudo, espaço para o diálogo, conforme exemplo dado pelo Conselho Industrial do Mercosul, que emitiu lúcida declaração conjunta alusiva aos 30 anos, assinada pelas entidades nacionais representativas do setor nas quatro nações fundadoras: CNI, União Industrial Argentina, União Industrial Paraguaia e Câmara de Indústrias do Uruguai. O documento contém seis sugestões aos governos: estabelecer condições para impulsionar a estabilidade e o crescimento econômico; assumir e implementar compromissos que tornem realidade o livre comércio intrabloco; estimular a aproximação e a convergência regulatórias; internalizar regras e acordos pendentes; potencializar a participação do setor privado no bloco; não adotar decisões que impliquem modificar ou revisar a Tarifa Externa Comum e/ou o Regime de Origem do Mercosul sem o conhecimento e a oportunidade de o setor empresarial e privado, em geral, expressar sua opinião.
Sim, o entendimento é possível e necessário para redirecionar e reestruturar o bloco, que está regredindo e perdendo relevância. A pergunta que não quer calar é “onde erramos”? A indagação, aliás, transcende ao Mercosul e cabe a toda a América do Sul. Em nosso continente, passamos por diversos regimes e governos, mas jamais conseguimos ingressar num ciclo duradouro de prosperidade. Temos algumas bolhas de crescimento, estimuladas por intermitentes booms das commodities, ao cabo dos quais recaímos na realidade dura e crua de baixos níveis de crescimento e desenvolvimento.
O Brasil, maior país e economia do Continente, sintetiza a incapacidade histórica de nossos povos de conquistarem o desenvolvimento de maneira sustentada e em velocidade adequada. Temos população trabalhadora, mercado, potencial imenso de recursos naturais, indústria organizada e competente, agronegócio vencedor, comércio e serviços bem-estruturados, mas perdemos o ímpeto de crescer. Num mundo da robótica, inteligência artificial, internet das coisas e bitcoins, seguimos discutindo questões bizantinas, como a privatização ou não da Casa da Moeda.
A pauta da educação de excelência, fundamental para vencermos o atraso e ganharmos competitividade, sequer inclui-se entre os temas prioritários atuais do País. Como, então, criar uma sociedade que ofereça oportunidades? Perdemos duas décadas e agravamos as desigualdades nestes últimos 40 anos. Não podemos desperdiçar mais tempo. Os diagnósticos são muito claros. Existem soluções e temos talentos para potencializá-las, embora estejamos perdendo muitas mentes brilhantes para outras nações.
Os problemas brasileiros são semelhantes aos dos países do Mercosul e do Continente. Todos correm sério risco de ser tragados pela própria incapacidade de estabelecer metas e objetivos e de realizá-los como políticas de Estado e não somente de governos. Nossos desafios transcendem em muito ao futebol, que é importante e faz parte de nossa cultura.
Os verdadeiros Libertadores da América, porém, são o ensino de excelência, políticas públicas eficazes para os setores produtivos, menos impostos e burocracia, mais segurança pública e jurídica, modernização do arcabouço legal e a instituição Estado efetivamente focada nos seus propósitos jurídico e filosófico: servir ao povo e lhe prover vida de qualidade e justiça social!
(230716) -- WUQIA, July 16, 2023 (Xinhua) -- Artists perform in the "Epic of King Gesar" of the Tibetan ethnic group during the ninth Manas international cultural tourism festival in Kizilsu Kirgiz Autonomous Prefecture, northwest China's Xinjiang Uygur Autonomous Region, July 13, 2023. TO GO WITH "China Focus: Three heroic epics meet in Xinjiang to promote cultural exchanges" (Xinhua/Zhang Yu)
(251101) -- BEIJING, Nov. 1, 2025 (Xinhua) -- This image captured at Beijing Aerospace Control Center on Nov. 1, 2025 shows a group picture of the crew of Shenzhou-20 and Shenzhou-21 spaceships. The three astronauts aboard China's Shenzhou-21 spaceship have entered the country's space station and met with another astronaut trio early Saturday morning, starting a new round of in-orbit crew handover. The six crew members then took group pictures for the seventh space get-together in China's aerospace history. They will live and work together for about five days to complete planned tasks and handover work, according to the China Manned Space Agency (CMSA). (Xinhua/Jin Liwang)