Agricultura pode enfrentar falta de mão-de-obra devido à pandemia

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Agricultura pode enfrentar falta de mão-de-obra devido à pandemia

Foto: Diário do Sul

Por Roberto Dores

«Diário do SUL»

Évora (Portugal)Os agricultores alentejanos da zona da raia receiam vir a enfrentar falta de mão-de-obra nos próximos meses.  Enquanto alguns produtores já optaram mesmo por não realizarem determinadas culturas – caso do tomate – outros alertam que a debulha pode estar comprometida. As máquinas, que habitualmente são contratadas em Espanha, deverão entrar no terreno dentro de dois meses, mas por causa do fecho das fronteiras, devido à covid-19, não há garantias das ceifeiras chegarem a tempo a solo português.

O recurso alentejano à mão de obra estrangeira e maquinaria espanhola é transversal na época da ceifa na região raiana há várias anos, mas perante a fronteira do Caia reposta o agricultor João Paulo Calçudo, de Elvas, receia não ter quem faça a debulha.

Admite ao Diário do Sul já ter falado com o maquinista que habitualmente cruza a fronteira para vir à região fazer a debulha, mas a contratação da mão-de-obra espanhola não está fácil. “Ele diz-me que não sabe como vai fazer o transporte da ceifeira para Portugal. Mora em Espanha, a 20 quilómetros da fronteira e isto está a deixar-nos muito apreensivos, porque é a única solução que temos “, sublinha.

A preocupação está instalada na região, numa altura em que o tempo escasseia. Se alguns produtores já optaram por não plantar, por exemplo, tomate, alegando que depois não terão acesso a trabalhadores estrangeiros para a época da apanha, os donos dos campos de trigo, cevada e aveia vão precisar da maquinaria espanhola lá para finais de maio.

“Temos que pensar que daqui por dois meses as máquinas têm que estar em Portugal, caso contrário não sei como vai ser”, insiste João Paulo Calçudo, alertando para a necessidade das autoridades portuguesas abrirem um regime de exceção para os maquinistas espanhóis que trabalham em Portugal. “Não temos máquinas para fazer esses trabalhos cá, porque quem as tinha vendeu-as e agora não justifica comprar uma máquina para fazer meia dúzia de hectares. Não seria rentável”, justifica o agricultor.

Ainda segundo João Paulo Calçudo, os espanhóis entram na parte da Extremadura (na raia espanhola), fazem a ceifa em Portugal e seguem para o Norte de Espanha.

“Tem que ser arranjada uma solução”, reclama.

Como o Diário do Sul já avançou, a agricultura corre o risco de ser atingida por uma série de problemas por causa da covid-19, numa altura em que alguns efeitos da pandemia já se começaram a fazer sentir em setores como vinho, flores e plantas ornamentais, frescos e carnes de raças autóctones preparadas especialmente para a Páscoa. Os queijos também já estão a ser afetados pela crise.

É esta a conclusão de um Grupo de Acompanhamento e Avaliação das Condições de Abastecimento de Bens nos Setores Agroalimentares e do Retalho, criado pelo Governo, que aponta o vinho como um dos setores mais preocupantes nesta fase. É a consequência do encerramento de restaurantes e hotéis, após a quebra abrupta do turismo, que estará a diminuir o consumo doméstico anual entre os 30% a 35%.

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